Incomodado com o ronco de quem dorme ao seu lado ou cansado de ouvir das pessoas que você faz muito barulho durante a noite? Os altos ruídos podem ser apenas uma parte do problema. Descubra sua causa, quais doenças podem estar relacionadas, sintomas e possíveis tratamentos.
Primeiramente, é importante saber que o ronco pode ser considerado um problema patológico. Quando ele vem caracterizado por grandes vibrações e ruído intenso, causa uma série de alterações em nosso organismo.
O distúrbio atinge entre 40% e 50% dos adultos, mas é encontrado com maior frequência no grupo masculino. Aproximadamente 24% dos homens e 18% das mulheres sofrem com o problema. Os dados são da Associação Brasileira de Odontologia do Sono.
Pessoas que não roncam com frequência e produzem um barulho relativamente baixo, normalmente provocam o problema por hábitos pontuais como dormir em decúbito dorsal (de costas) ou por ingerir bebidas alcoólicas e alimentos em excesso antes de deitar.
O perigo é que nunca temos uma percepção completa do nosso sono. Podemos achar que só estamos roncando, enquanto, na verdade, apresentamos outros problemas graves que estão relacionados ao distúrbio. Por isso:
- Pergunte às pessoas se você faz barulho ao dormir,
- Observe como se sente ao acordar,
- Questione também se você tem rápidos despertares durante a noite,
- Peça para que vejam se em algum momento você parece parar de respirar.
O que causa o ronco?
O ronco é um distúrbio causado pelo estreitamento ou obstrução de vias respiratórias. Quando você dorme, os músculos da garganta relaxam e isso faz com que a passagem de ar se comprima. Ao fazer os movimentos de inspiração e expiração, esse tecido relaxado pode começar a vibrar, causando o incômodo sonoro.
Quanto mais estreita essa passagem estiver, mais alto será o ruído.
Com esse estreitamento, a respiração é diretamente afetada e, consequentemente, a oxigenação do cérebro pode diminuir, provocando alterações no comportamento durante o dia ou até apneias enquanto você dorme.
Os problemas que podem estar causando a diminuição da passagem pelas vias respiratórias são muitos. Listamos os mais comuns logo abaixo, mas alertamos para que não tire conclusões antes de consultar um profissional.
- Amigdalite
- Tabagismo
- Adenoides muito grandes
- Desvio de septo
- Obesidade
- Pólipos no nariz
- Sinusite
- Obstrução nasal
- Uso de medicamentos ou calmantes para dormir
- Excesso alimentar ou de bebidas alcoólicas
- Pescoço mais curto e grosso
Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)
A Apneia Obstrutiva do Sono é uma doença caracterizada pelo colabamento das paredes da faringe, ou seja, seus tecidos se encontram, causando paradas respiratórias. Em adultos, a apneia dura pelo menos 10 segundos e em crianças, 3 segundos já são suficientes.
Como identificar? Uma maneira fácil é pedir para observar se você para de roncar de uma hora para outra e depois retorna com os intensos ruídos. Ao obstruir a passagem respiratória, a SAOS também interrompe as vibrações que estavam sendo causadas naquela região e o ronco desaparece por alguns segundos.
Além disso, você pode ter maior atenção ao seu comportamento fora do sono. Falta de disposição e sonolência durante o dia, dor de cabeça, perturbação da memória, da atenção e da concentração são alguns alertas.
A Apneia Obstrutiva do Sono tem o poder de influenciar também em outras doenças como a hipertensão e arritmias cardíacas. É mais frequente em homens obesos de meia-idade.
Síndrome da Resistência das Vias Aéreas Superiores (SRVAS)
O ronco pode gerar inúmeros despertares durante a noite, os quais você talvez nem tenha conhecimento. A Síndrome da Resistência das Vias Aéreas Superiores se caracteriza por essas interrupções do sono.
Ela é insuficiente para causar apneias e as consequentes dessaturações (queda na oxigenação do sangue), mas aumenta o esforço respiratório, além de perturbar o momento de descanso.
É difícil esclarecer um perfil padrão para quem apresenta esse quadro. Há pacientes que relatam desenvolver insônia, sonhos vívidos e por vezes parassonias, que são transtornos comportamentais ocorridos no início do sono, durante ou no despertar.
Tratamentos para o ronco e doenças relacionadas
O primeiro desafio é descobrir a causa do ronco, independentemente se ele estiver sozinho ou acompanhado de outros problemas. Os próximos passos irão variar de acordo com cada caso. Vejamos algumas mudanças que podem ajudar:
- Reeducação alimentar para perda de peso
- Tratamento de problemas respiratórios
- Evitar bebidas alcoólicas antes de dormir
- Dormir de lado
- Parar de fumar
Os tipos de profissionais da saúde envolvidos no tratamento do ronco podem ser vários. Há, então, uma área da medicina que se dedica ao estudo desse e de outros problemas que ocorrem enquanto dormimos, a Medicina do Sono.
Com o cirurgião-dentista especialista na Odontologia do Sono —também capacitado para auxiliar no controle do bruxismo— por exemplo, é possível recorrer ao uso de aparelhos intraorais ou externos. Eles auxiliam na respiração e diminuem o alto ruído que tanto incomoda.
O aparelho intraoral é removível e utilizado apenas durante o sono. Ele segura a mandíbula, auxiliando na redução dos quadros obstrutivos das vias aéreas, que é o que provoca o ronco. Há diferentes tipos e sua definição depende da avaliação profissional.
Já o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), ou seja, pressão positiva contínua nas vias aéreas, é um aparelho externo usado principalmente para tratar as apneias.
Em conclusão, se você já tiver certeza que ronca intensamente durante a noite, passe a observar esses outros pontos que colocamos aqui, como as paradas respiratórias e os despertares. Procure um profissional especialista no assunto e apresente essas informações para identificar tratamentos mais eficazes, de maneira mais rápida até.