Você já ouviu falar do uso de aparelhos intraorais para tratar problemas que se manifestam durante o sono? Sim, eles são capazes de diminuir consideravelmente o ronco e controlar até doenças mais graves como a apneia.
Alguns dos fatores para o surgimento desses dois distúrbios estão relacionados com a anatomia da boca e do sistema estomatognático (grupo de estruturas bucais que reproduzem funções comuns com a constante participação da mandíbula). Por isso, os dentistas são os profissionais capacitados para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da apneia e do ronco, indicando o uso dos aparelhos intraorais. Um médico também pode auxiliar na terapia.
Uma boa noite de descanso nos garante uma qualidade de vida melhor e ainda previne doenças cardiovasculares. Dessa forma, os distúrbios do sono influenciam não só na sensação de descanso, mas também na saúde geral.
Veja mais sobre os aparelhos intraorais e seu uso no combate ao ronco e à apneia.
Como surgiram os aparelhos intraorais
O AIO (aparelho intraoral de avanço mandibular) foi criado na década de 80 como alternativa aos pacientes apneicos que não se adaptavam à terapia com aparelhos de pressão positiva. A apneia obstrutiva do sono é uma doença que causa paradas respiratórias durante a noite de descanso e normalmente vem acompanhada do ronco.
O uso do aparelho de pressão positiva é feito externamente. Ele tem formato de máscara e é colocado sobre a face, enquanto o AIO é encaixado dentro da boca do paciente.
Como é a adaptação ao aparelho intraoral
Assim como a alternativa deu muito certo na época, hoje em dia ela continua se adaptando com facilidade aos usuários. De acordo com o livro Manual do Residente: Odontologia do Sono, a adesão ao uso do AIO chega a 90% em alguns casos.
Mesmo que esses dados sobre sua utilização sejam aferidos subjetivamente pelo que o paciente atesta ao dentista, é evidente a aceitação do AIO na rotina das pessoas. Ele é leve, flexível, confortável e os benefícios são facilmente notados. Além disso, são feitos sob medida, garantindo um aparelho totalmente adaptado à estrutura bucal do paciente.
Como o AIO age no tratamento do ronco e da apneia
Os aparelhos intraorais são compostos por duas partes, o modelo inferior e o superior. Nas laterais, unindo os dois, há uma estrutura metálica pela qual o dentista pode ajustar a posição dos modelos com o auxílio de um dispositivo externo. Assim, durante o tratamento é possível anteriorizar (colocar para frente) a parte inferior, gradativamente, em consultas programadas.
O AIO age, portanto, no avanço da região mandibular para conseguir o distanciamento dos tecidos da garganta e liberação de espaço entre as vias aéreas. O aparelho ainda estabiliza a mandíbula no local adequado, impedindo que ela se mova durante a noite e cause o ronco e/ou a apneia.
O uso do aparelho é indicado para apneias leves e moderadas. Em contrapartida, para a apneia grave normalmente o paciente é encaminhado à utilização do CPAP, o aparelho externo de pressão positiva. Em casos de não adaptação ao CPAP, também é possível recorrer aos aparelhos intraorais mesmo em quadros mais graves.
Por que o acompanhamento é essencial
Não basta ir apenas nas primeiras consultas, confeccionar o aparelho e usá-lo da mesma forma para sempre.
Como vimos anteriormente, o dentista precisa ajustar a posição do aparelho pouco a pouco ao longo do tempo. Além disso, apesar do AIO ser mais confortável do que outras alternativas como o CPAP e as cirurgias, fazem parte do seu processo a adaptação, controles periódicos e ajustes.
O AIO inibe os sinais dos distúrbios desde o primeiro uso, mas assim que o paciente parar de utilizá-lo, voltará a apresentar os sintomas dos problemas sofridos na mesma hora. Portanto, seu uso precisa ser diário e, assim como em todo tratamento, deverá ser acompanhado pelos indutores da terapia. Nesse caso eles são seu médico e seu dentista.
Como é feita a indicação dos aparelhos intraorais
Primeiramente o dentista avalia a cavidade oral do paciente e faz uma anamnese para investigar as práticas e histórico da pessoa, compreendendo melhor o quadro geral. Feita a primeira avaliação, é possível realizar o encaminhamento para o exame de polissonografia para identificar quais distúrbios a pessoa apresenta.
Para realizar a polissonografia, o paciente deve ser monitorado durante o sono. Isso pode ser feito em uma clínica especializada ou em casa a partir de equipamentos portáteis. Sensores que detectam alterações no sono são colocados sobre a pele do paciente e os seguintes fatores são acompanhados pelo exame:
- Nível de oxigênio no sangue
- Ondas cerebrais
- Frequências cardíaca e respiratória
- Movimentos dos olhos e das pernas
Ele pode ser feito para avaliar quaisquer casos de problemas relacionados ao sono, não só a apneia e o ronco.
O que podemos concluir
Em conclusão, os aparelhos intraorais são ótimas alternativas para o tratamento do ronco e do sono por terem alta eficácia e, muitas vezes, nenhum incômodo para o paciente. Trata-se de uma técnica simples que é capaz de estabilizar a região mandibular para impedir a obstrução ou o estreitamento das vias aéreas.
A melhora do quadro depende também do programa de adaptação, acompanhamento e correção estabelecido pelo profissional indutor e seguido pelo paciente. Por isso, além de procurar um profissional adequado, é necessário manter revisões e o uso diário do AIO.
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Caso apresente algum sinal de problemas com o sono como a apneia e o ronco, procure um profissional da área para avaliar se o aparelho intraoral é uma boa medida para seu caso.